• História da Missão Brasileira e das Missionárias
  1. A VINDA DA CONGREGAÇÃO À AMÉRICA LATINA.

    O objetivo pela qual o Padre Cavoli enviou as Irmãs missionárias para a América Latina foi pela ideia de que elas trabalhassem junto aos imigrantes japoneses que buscavam melhores condições de vida no Novo Continente, pois tinham poucas chances em um Japão que atravessava grandes dificuldades econômicas no período pós-Segunda Guerra Mundial.

    No ano de 1964, o missionário da Congregação Maryknoll, Padre Guilherme Marley, tomando conhecimento da Congregação em Miyazaki, enviou uma carta à superiora geral da época, Madre Tereza Iwanaga, na qual pedia o envio de Irmãs para auxiliar em seu trabalho missionário junto aos imigrantes japoneses da Colônia Okinawa, na Bolívia. O Padre Luke Dyjak, ofmconv, um incansável missionário no Japão, foi o mediador desta petição, e a Congregação, após muito discernimento e oração, e reconhecendo no pedido a vontade de Deus, resolveu aceitar.

    Em 12 de dezembro de 1964 a Congregação envia a primeira expedição missionária para as terras de Bolívia. Seguiram as Irmãs Clotilde Kawabata, Perpétua Tokito, Peragia Tanaka e Gabriela Sueyoshi. O fundador, Padre Antonio Cavoli, sdb, pronunciou as seguintes palavras no momento do envio: “Vocês darão início a uma nova história da Congregação. De certa forma, a Congregação começará com vocês. Sintam, pois, a responsabilidade! Salvem muitas almas com virtude e a oração”.

  2. A VINDA AO BRASIL E OS PRIMEIROS TRABALHOS MISSIONÁRIOS.

    Em 1967, a pedido do Padre Inácio Tekeuchi, então presidente da Panib – Pastoral Nipo-Brasileira -, a Congregação decide enviar a primeira expedição missionária para as terras do Brasil, a fim de trabalhar junto aos imigrantes japoneses.

    Embora os japoneses tenham imigrado também para os estados do Paraná, Pará, Amazonas e Mato Grosso, seu maior contingente estava em São Paulo, que foi o local escolhido para iniciar a missão no Brasil. Assim, com fé e coragem as irmãs encaram o grande desafio que é traçar a nova história da Congregação na terra do Brasil e as palavras do fundador ficaram gravadas em seus corações: “Rezem sempre com total confiança em Nossa Senhora, que ela é a Mãe”.

    No dia 14 de junho de 1967 o terceiro grupo de missionárias para a América Latina, as Irmãs Fiorenza Kawakami, Cristiana Kawakami, Lidia Amano (regresso em 1977), Ignázia Furukawa e Meritina Mukai (regresso em 1972) desembarcaram no Porto de Santos e foram recebidas pelo Padre Inácio e os membros da Panib. Durante cerca de um ano viveram em vários locais, até que passaram a morar definitivamente na Rua Maria das Dores Braga, no bairro Jardim da Saúde, em São Paulo.

    Nesse período o contingente de imigrantes japoneses era uma grande massa em busca de melhores condições de vida. Procurando ir de encontro às necessidades destes, optou-se por um trabalho de educação: Yotien e Nitigo (Jardim de infância e Curso de língua japonesa).

    Isso serviu foi como um “gancho” para se iniciar também o trabalho de educação da fé dos pais, através da catequese ministrada pelas Irmãs. Todas as noites elas se entregavam com ardor ao trabalho de preparação para o batismo, Eucaristia, casamento e catequese de adultos.

    Em 1968, o Padre Guilherme, sacerdote da Maryknoll, se transferia da Bolívia para o Brasil para dar assistência a ambos os países.

  3. A EXPANSÃO DA CONGREGAÇÃO NO BRASIL.

    Com a expansão dos trabalhos missionários, foi se tornando necessária a presença de mais Irmãs. Tamanho era o zelo missionário da Casa Geral que em outubro de 1968 foram enviadas mais quatro missionárias: Irmãs Amalberga Kumoda, Flora Hatada, Demetria Hamamura (regresso 1972) e Hildegarde Kamimura (regresso 1975). E com elas, nesse mesmo ano, mais uma nova frente de missão foi aberta, a comunidade de Vila Sônia.

    Em 1969 chegaram as missionárias Irmãs Dafurosa Makiyama e Lodovica Tarukado, possibilitando a abertura da comunidade de Vila Carrão. Vieram em seguida as Irmãs Perseveranda Asada e Paola Kashiyama, e nesse mesmo ano a comunidade do Brasil foi erigida como sede das missões na América do Sul.

    Em 1970 desembarca no Brasil o sétimo grupo missionário, composto pelas Irmãs Andrena Akatsuka e Esperanza Tagami (falecida em 1971). Em 1973 chega a Irmã Atanasia Matsushita, em 1974 a Irmã Notburga Shirasawa, e em 1975 a Irmã Adelaide Koshita.

    Acostumadas a fazerem missão através de visita às famílias, foi assim que as Irmãs recrutaram seus primeiros alunos: batendo de porta em porta. Mas não demorou muito para que esse tipo de marketing se tornasse desnecessário. Em visto dos anseios da comunidade nipônica, logo o Caritas Gakuen se consagra como referência de ensino infantil para a época.

  4. O TRABALHO DE PROMOÇÃO VOCACIONAL E A FORMAÇÃO DE NOVOS MEMBROS.

    Sentindo-se a necessidade de formar novos membros originárias do próprio local da missão, não tardou a se iniciar o trabalho vocacional e a implantação da casa de formação, sediada primeiro na casa da Vila Carrão (1971), para acolher as candidatas. Em 1976 inaugura-se em Biritiba Mirim o noviciado do Brasil. E o ingresso para a primeira turma de noviças deu-se no ano seguinte, exatamente dez anos depois de chegada das primeiras irmãs.

    Em 1976, chegam também novas missionárias: Irmãs Maria Andrena Koide e Irmã Victória Kimura.

    A partir da segunda década de missão o desenvolvimento e dinamismo missionário são bastante acelerados: em 1979 acontece a primeira profissão religiosa no Brasil, com a consagração das três primeiras Irmãs brasileiras das Irmãs Madalena Tanaka, Elizabeth Nakashima e Maria Assunta Sueyoshi.

  5. AS FRENTES DE MISSÃO JUNTO AOS BRASILEIROS.

    Nesse mesmo ano, a convite do Bispo de Umuarama, três missionárias partem para uma missão de inserção, para fazer experiência de comunidade eclesial de base, em Santa Elisa, Paraná. Trata-se da primeira obra pastoral voltada totalmente para brasileiros, onde se deverá enfrentar os desafios da língua, de cultura, da falta de padres e de escassez material, mas rica em relações humanas.

    Em 1977 desembarca o 12º grupo das Irmãs missionárias: Aquilina Megumi, Lucina China e Maria Magdalena Shimoda.

    No ano de 1980, a pedido do Bispo de Mogi das Cruzes, as Irmãs assumem a missão do Centro de Convivência TABOR, a casa de encontros da Diocese. Neste ano, o Padre Guilherme inspira-se em construir a primeira obra de assistência da Província, voltada ao serviço totalmente gratuito para crianças órfãs em São Paulo. E se estabelece uma parceria com a Febem, dando início, em 1981, aos trabalhos do Lar Santo Antonio, abrigo feminino.

    Em 1981, a casa geral do Japão envia a Bolívia, mais uma missionária: a Irmã Vivina Oyama.

  6. A MISSÃO ALÉM DAS FRONTEIRAS (PERU).

    Inspirada nos desejos do fundador, a Congregação sabe que deve caminhar com a história e crescer na solidariedade com os pobres e sofredores. Para isso deve estar sintonizada com a realidade do mundo e dos países aonde é enviada, trabalhando para que haja vida justa e fraterna em Cristo e assim cooperando para a construção do mundo na paz verdadeira. Assim começa a amadurecer a ideia de mais uma missão além fronteiras: em 1982, Padre Guilherme é enviado pela Madre Geral para uma investida no Peru.

    Depois de muitas orações, decide-se enviar duas Irmãs do Brasil e duas enviadas pelo Japão. Nesse mesmo ano as Irmãs do Brasil, Peragia Tanaka e Leonilla Tarukado, são nomeadas missionárias ao Peru.

    A primeira comunidade peruana se completa com a chegada das duas japonesas: Irmãs Maria Micaela Yamada e Maria Sueyoshi. Dois anos após se inaugurava a segunda comunidade e em Jesus Maria se erigia uma escola. Em 1987, no Bairro de Huacho, abre-se mais uma nova comunidade.

    Em abril de 1983 a Província se enriquece com a chegada de mais duas missionárias ao Brasil, Irmãs Maria Takeyama e Maria Tarukado, e em 1985 a missão peruana acolhe mais duas missionárias: Irmãs Maria Magdelana Takeyama e Maria Nohara. Em 1986 é a vez da chegada das irmãs Teresia Kawabata e Maria Uramichi.

    Com a integração do Peru, a Província da América do Sul tornou-se composta por 3 países: Brasil, Bolívia e Peru.

  7. PROTAGONISMO DOS LEIGOS E OS NOVOS DESAFIOS DA ENCULTURAÇÃO.

    Com o surgimento de irmãs nativas e seguindo as orientações da Igreja local, as Irmãs passaram a delegar funções antes exercidas por elas, como a de catequista, para leigos. E passaram a ser orientadoras, trabalhando mais na coordenação e formação de leigos para a evangelização. Foi grande o desafio enfrentado na tarefa de formação dos membros, uma vez que havia um número considerável de candidatas, aspirantes e noviças. Havia ainda o desafio da enculturação, das exigências da Igreja e do mundo moderno que invadiam os claustros. Convém lembrar que o Padre Guilherme destacou-se pelo zelo na formação dos membros, ministrando pessoalmente aulas de Doutrina Social da Igreja, Bíblia e Catequese.

    Em 1985, a comunidade da Bolívia acolhe a missionária japonesa Irmã Mechtildis Yamanaka. Com a abertura de mais uma comunidade na cidade de Santa Cruz de la Sierra, a terceira nesse país, em setembro de 1988 chega a Irmã Catarina Akinaga, e, no ano seguinte, a Irmã Aleydes Tagawa.

    No ano de 1987 a comunidade brasileira percebe que o trabalho de Jardim da Saúde já atingiu a sua finalidade missionária e se desloca para Guarulhos, para iniciar o trabalho de educação infantil. Neste mesmo ano, a pedido de Dona Margarida, o conselho Provincial aceitou a administração do Jardim de Repouso Dom José Gaspar, conhecido como Ikoi-no-Sono, a casa de acolhimento dos idosos da comunidade nikkei.

    Em abril de 1992 a Comunidade Provincial do Brasil acolhe mais uma missionária japonesa: a Ir. Magdalena Hamabe, proveniente da província de Nagasaki.

    A convite do Bispo de Tubarão, Dom Hilário Moser, em 1996 as Irmãs passam a administrar a Casa de Encontro da Diocese. No ano de 2004, entendendo ter cumprido sua missão, encerram suas atividades nessa cidade catarinense.

  8. O SURGIMENTO DA ESCOLA CARITAS E OS PRIMEIROS ORATÓRIOS.

    Quando se completaram 30 anos de presença no Brasil, e neste tempo já desenvolvendo trabalhos na área da Educação voltados principalmente para a colônia japonesa, as Irmãs de Miyazaki perceberam que todo problema social tem início em uma educação básica deficitária. Neste sentido, as Irmãs reavaliaram as suas frentes de missão no Brasil e assim surgiu o grande desafio de criar o Centro de Educação Caritas Gakuen – Escola Caritas. O bairro eleito foi o de São Mateus, onde a pobreza e o poder do tráfico e da violência se fazem muito presentes. Inicialmente três irmãs foram enviadas para desenvolver esta missão educacional. No dia 25 de março de 1998, com a Cerimônia da Bênção da Pedra Fundamental, iniciou-se a construção do prédio Irmã Maria Taki. Na data de 23 de janeiro de 1999 foi inaugurada a Escola Caritas, com a presença de inúmeros benfeitores e com a cerimônia presidida pelo bispo Dom Pedro Luiz Stringhini.

    Em 2000, na Escola Caritas deu-se início à primeira atividade de Oratório Festivo da Província, a marca da Família Salesiana que acolhe crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. O trabalho foi iniciado junto à assessoria do salesianos teólogos do Instituto Pio XI.

  9. PROVIM: O TRABALHO EM PARCERIA COM OS SALESIANOS.

    Em 2006, à convite do inspetor do Sul, Padre José Valmor César Teixeira, sdb, o Conselho Provincial, juntamente com a superiora provincial da época, Irmã Notburga Shirasawa, aceitou enviar duas Irmãs para assumir a frente de uma Obra Social em Curitiba. A obra acolhe 250 crianças provenientes da favela de Parolin para oferecer-lhe uma educação complementar através de diversas oficinas pedagógicas, esportivas e culturais. Hoje ela conta com a presença de três Irmãs.

  10. A PRIMEIRA COMUNIDADE INTERNACIONAL EM ARGENTINA.

    Em 2005 o Conselho Geral da Congregação inicia a implantação da Congregação Missionária na Argentina, que foi acolhido de bom grado por todos. O Bispo da Diocese mostrou-se muito satisfeito com o projeto e manifestou seu desejo de que este se dedicasse à pastoral familiar junto a bolivianos e japoneses afastados da vivencia eclesial, e que a Congregação fosse da responsabilidade direta da Diocese. Assim, em 2007, as provinciais dos três países da América do Sul – Brasil, Bolívia e Peru – reuniram se no Japão, a fim de discutirem as etapas objetivas do Projeto de implantação da Comunidade Missionária na Argentina. Foi acordado que a nova Regional Comunitária seria considerada uma comunidade da Vice Província do Brasil, e que a Superiora seria nomeada entre as Irmãs a serem enviadas pela Comunidade do Brasil. Foi nomeada a Irmã Madalena Tanaka como superiora desta nova comunidade, composta ainda pela Irmã Leonilda Tarukado, do Peru; Irmã Helen Ribera Viana, da Bolívia, que chegaram à nova missão no ano de 2010.

    No ano de 2010, a Província da Coréia envia três missionárias para apoiar o projeto Argentina. Assim, na data de 06 de junho, chegaram ao Brasil as irmãs: Irmã Amadeus Hong Young Mi e a Irmã Damian Chang Youn Jeong. Nesse mesmo ano, na data de 23.06 embarca na Argentina a Irmã Amélia Kim Young Sook. As Irmãs Amadeus e Amélia são integradas à missão da Argentina e a Ir. Damian à comunidade do Brasil.

    Quarenta e sete anos se passaram desde que as primeiras Irmãs partiram do Japão, animadas pelas palavras do Padre Cavoli: “Vocês darão início a uma nova história da Congregação (…)”. De fato, essa nova etapa foi escrita com letras de ouro, através da doação e da entrega incondicional de cada uma das Irmãs que deixaram o Japão para se juntar à nossa história; de cada uma das Irmãs da vocação nativa; do Padre Guilherme que se doou totalmente pela construção da nossa província, a quem muito devemos; de tantas pessoas que abraçaram conosco este ideal “Caritas”, visando a edificação de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Este ideal ainda continuará a ser escritos através das novas gerações que virão para somar as suas forças.